domingo, 6 de setembro de 2009

Matrioshka e as torres de Hanoi


«Estar sozinho, sentado, simplesmente a observar as pessoas, tornou-se o meu passatempo favorito. Olho para os outros, os que andam pela rua ou conversam com os amigos, cada um visto pelos outros, não como é, mas como parece ser. São importantes os olhos dos que observam.» - entretia-se Arthur a pensar.

«Faz-me lembrar aquelas bonecas russas, as matrioshkas, o mesmo boneco reproduzido mais pequeno, cada vez mais pequenino, por aí adiante, quantas vezes quisermos até quase desaparecer. É como se cada um de nós, na verdade, fosse vários metidos uns nos outros. O Boneco de fora, é o que é visto pelos outros, depois cada um dos bonequinhos-cópia, cada vez mais pequenos, - que somos nós, nos diferentes papéis, e que espelham o que somos.» - pensou o Arthur.

Ele também se considerava uma espécie de matrioshka, ou melhor um matrioshko, pois sentia-se como se existissem dentro de si, vários Outros-cópia-de-Arthur. Aluno na escola, aprendiz de música, aprendiz de clarinete, filho, amigo, irmão, e por aí adiante num rol que parecia não acabar. Só ainda não sabia, qual a ordem dos bonequinhos.

«Mas as pessoas são como as bonequinhas russas. São um fractal. Um fractal! Quando ouvi pela primeira vez esta palavra, num museu interactivo de ciência, sabia que estava associada à matemática, mas não fazia ideia o que significava. Para mim, um fractal podia ser qualquer coisa. Um desenho, ou uma construção, ou até mesmo, um amontoado de peças aparentemente desconexas. Qualquer coisa poderia ser um fractal.»

O senhor que trabalhava como monitor do museu é que não deixou que ele despercebesse a ciência básica do fractal, não. Neste modelo de museu, não. Aqui podia mexer-se livremente nas peças expostas. Arthur e a família foram estimulados a resolver o problema da Torre de Hanoi - que era um fractal. Qual seria o número passos mínimos para conseguir passar todas os discos para a estaca do lado, cumprindo as regras? Depois de algumas tentativas e de paciência, o simpático monitor do Pavilhão do Conhecimento disse:

2n-1, é a resposta!
Isto é, 2 x 2 x 2... (n vezes),
e ao resultado, subtraímos 1.
O n é o número de discos da torre.

Agora era muito mais fácil, talvez pudesse aplicar esta fórmula, para resolver o problema de ordenar os pequenos Cópia-de-Arthur dentro de si.



Fotografia

Fractal

Torre de Hanoi


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