sábado, 5 de setembro de 2009

Máquinas simples


Hoje é dia de trabalho na horta. A família costumava reservar alguns fins-de-semana para tratar da casa de campo (do avô) e da horta. Assim, de manhã cedo, todos participavam em preparar as malas, os cestos, as caixas da fruta, as sacas de serapilheira, e alguma roupa mais velha para o trabalho agrícola. Tudo o que precisariam para um fim-de-semana na aldeia.

Na arrecadação da casa do avô, existiam alguns instrumentos de lavoura de uso manual, antigos, como se o tempo tivesse parado no final do século XIX ou no início do século XX. Os professores de ciências costumam chamar-lhes, máquinas simples, mas para Arthur, essa era uma ideia muito estranha. Para ele, uma máquina era uma coisa complexa, movida a electricidade ou a gasóleo, não objectos movidos pelas próprias pessoas. No entanto, lá na escola, na disciplina de Física e Química, estudara as máquinas simples, como eles chamavam, e percebera como elas realmente multiplicavam a força do Homem e como estavam presentes em qualquer outra máquina que pudéssemos imaginar.

Na arrecadação do avô, existiam realmente muitas dessas máquinas simples. O plano inclinado, a roda e a alavanca. Tudo eram máquinas, e serviam para facilitar o trabalho de cuidar da terra. Para onde quer que olhasse, conseguiria ver um ou mais, desses aparelhos, às vezes até mesmo combinações deles. No carro-de-mão, que mais não era do que uma alavanca e uma roda; as Roldanas no poço, para puxar a água para fora, que eram uma aplicação da roda; o parafuso de Arquimedes, que o pai tinha construído apenas por brincadeira, para lhe mostrar como se podia elevar a água; a 'cegonha' ou picota, uma alavanca, assim como as enxadas e ancinhos, que não eram mais do que simples 'alavancas interpotentes', como ilustrava o livro de ciências.

"A imaginação e o engenho do homem, são realmente fantásticos!", pensou o Arthur, e, assim era realmente. Muitas gerações de homens criativos haviam deixado todos aqueles instrumentos velhos, mas magníficos, que o avô guardara na casa da arrecadação.



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