sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A horta doméstica


O avô, homem do campo, rijo, seco, cultivava uma pequena horta anexa à casa. Após a morte do avô, o pai cuidou daquela parcela de terreno. Chamava-lhe «a horta da família». ‘Chegar-se mais à terra’, ocupar-se na horta, dava ao pai do Arthur uma agradável mudança no ritmo do seu dia-a-dia e ajudava a equilibrar a economia. Agora, era a vez do Arthur aprender a arte.

Tudo era feito de modo artesanal, como sempre se fez, geração após geração. O instrumento principal, a enxada, mas também o ancinho, a pá, o carrinho de mão, o regador e o pulverizador, eram fabricados pelo ferreiro. Mas, Arthur não gostava da aldeia. Naquele tempo, não havia luz, televisão, telefone e, muito menos internet, - nem amigos como o Manel, para as brincadeiras de rapaz - assim como não havia muitas outras coisas que existiam na cidade onde morava.

Na horta do pai, cultivava-se um pouco de tudo, cereais, frutos e hortaliças. A horta enchia a mesa da família com alimentos frescos, saudáveis e económicos. Assim, ao longo do ano colhiam rabanetes, cenouras, nabos, nabiças, batatas, cebolas, frutos, como a abóbora e o tomate (embora quase todos pensassem que este fosse um legume), bem como beringelas, couves, brócolos, repolhos, alfaces e, leguminosas como a ervilha.

A Ciência devia muito à ervilha, Arthur sabia isso. Aprendera na escola que um cientista austríaco, que gostava de Ciências Naturais, em especial de Botânica, um monge chamado Gregor Mendel, fizera experiências com a ervilheira. Ele queria perceber como as características da planta, variavam com os cruzamentos, o que o levou a entender as leis da hereditariedade. E, entender isso, ajudou a Humanidade a perceber como algumas doenças eram transmitidas. A ervilha passou a ser uma planta especial para o Arthur.

Pouco a pouco, aprendeu a apreciar os dias que passava na horta a trabalhar a terra, sentir-lhe o cheiro, a preparar os pequenos canteiros, a regar, até mesmo, simplesmente ver crescer as sementes, as pequenas plantinhas e mais tarde apanhar os seus frutos. A aldeia, não era confortável, mas, ensinou o Arthur a ser responsável, a ver a necessidade de cuidar das coisas ao seu encargo, a compreeder como estava envolvido muito trabalho, para colocar o alimento na mesa.



Fotografia


1 comentário:

Arlete disse...

Bonito Arthur! A valorização das nossas raízes!wra

Único... verso

“Como começou o universo?”, perguntou o Arthur ao primo. O primo sabia que o Arthur gostava de fazer todo o tipo de perguntas, mas não esta...