quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O nascimento do primo Gabriel

Uma criança que nasce é um verdadeiro milagre. - Alguém disse. 
Arthur ainda virou a cabeça para onde parecia vir a voz, mas já não conseguiu ver quem dissera aquela frase tão bonita. 
- Nasceu o meu primo, e foi exactamente isso que senti! - pensou o Arthur - uma verdadeira admiração, como que se tivesse ocorrido um verdadeiro milagre.

Inclinando a cabeça para o bebé, Arthur observava com muita atenção, as mãozinhas perfeitas, os dedos finos, tão finos que desafiavam a sua curiosidade. 
- Como é que eles apareceram ali, tão perfeitos? - pensava. - Está tudo no seu lugar! - disse em voz alta, apontando ao mesmo tempo para aquelas mãos tão pequeninas. 
- Foi a genética! - disse o pai do Arthur, com ar bonacheirão a beirar o convencimento. 
Arthur, olhou outra vez para as mãos do bebé, virou-se para o pai, e perguntou: 
- E quem é que fez a genética pai?

sábado, 12 de setembro de 2009

A Palestra

Num anfiteatro ao ar livre, com bancos de cimento e encosto para as costas, Arthur assistia à palestra. Arthur apreciava muito conversar sobre temas científicos. Desde muito pequeno que, nas tardes de fim-de-semana, gostava de se sentar no sofá da sala em frente da televisão, a assistir aos programas de História Natural. E, enquanto crescia, raramente perdia uma oportunidade de falar ou ouvir falar de qualquer coisa relacionada com ciência.

Hoje, passados muitos anos, a conversa era sobre Astronomia e Geografia, mas claro, como todas as coisas estão relacionadas, também metia um pouco de Matemática, Física e Química e, o que também é um tema predilecto do Arthur, História.

O tempo parava, Arthur concentrava-se nas palavras que saiam da boca do palestrante, as imagens projectadas mentalmente, as descrições vívidas, tudo era um deleite.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

«A Música» e «A Riqueza»



Um pórtico, com seis colunas dóricas mostravam a entrada para o bonito edifício de um só piso, nele duas esculturas atraíram a atenção de Arthur.  «A Música» e... «A Riqueza». 



Fotografia

Museu JM


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Peripatéticos

Um grupo de velhotes da cidade onde Arthur morava, costumavam deambular pelo jardim público. Na maior parte das vezes, mantinham longas palestras sobre política. 

(As pessoas tinham muitas opiniões sobre quase tudo, especialmente sobre notícias, o futebol e a política). 

Arthur não se interessava por este tema, mas gostava daquele grupo de velhos catitas, que andavam aos soluços, gesticulavam muito e faziam caretas pronunciadas. Imaginava-os parecidos aos sábios da Antiguidade Clássica, que discutiam os assuntos da vida da cidade, e até mesmo os temas científicos, nas suas longas caminhadas pelos jardins. Os peripatéticos. 

Peripatético, aquele que ensina caminhando, ao ar livre - era isso que os velhotes faziam. De dia no jardim, à noite, depois do jantar, pelo rossio. Para cima e para baixo, faziam desenhos na calçada, sempre a gesticular, a ensinar uns aos outros qualquer coisa que pensavam ser verdade.

Alguns anos mais tarde, Arthur vira uma iniciativa como a dos seus queridos peripatéticos. Alguém pensara deambular por algumas zonas da cidade de Lisboa, com uma bicicleta em tudo semelhante à dos gelados, e com o nome mui sugestivo - Ciência Fresquinha. A bicicleta, bonita, cheia de humor, com um daqueles cartazes parecidos aos dos gelados, mas em que no lugar dos gelados, estão as caixas das experiências. Qual o objectivo? Falar e ensinar ciência às pessoas, que por acaso, por ali se cruzassem, ou que pela sua curiosidade, abordassem a monitora. 

Que boa ideia essa! «Jamais conhecerá bem as cousas o que não conhece bem as palavras», disse o escritor Almeida Garrett, e é bem verdade, como Einstein acreditava, que «a maioria das ideias fundamentais da ciência são essencialmente sensíveis e, regra geral, podem se expressas em linguagem compreensível a todos», bem que eles tinham razão! Para se conhecer alguma coisa -, em ciência ou noutros campos da vida - é preciso dominar a linguagem, os conceitos, e para isso, nada melhor do que conversar. Os velhotes peripatéticos sabiam-no bem, por isso, conversavam longamente pelas bonitas avenidas do jardim público. 


Referências

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Walking_Man.JPG
http://pt.wiktionary.org/wiki/peripatético
http://www.ciberduvidas.com/ensino.php?rid=1947


terça-feira, 8 de setembro de 2009

O Clarinete


As aulas de música prosseguiam. Arthur aprendera o solfejo, o que para muitos aprendizes de música é a parte mais dura das aulas de iniciação. A pauta gravada a branco no quadro negro, onde o professor desenhava as notas; a clave, que na verdade é a chave para se saber o nome da nota que está na sua linha; e por fim, a ordem das notas, dó, ré, mi, fá, sol, lá e si. Nesta altura, aprendia-se com a ajuda de um professor, a quem os alunos chamavam mestre. Havia alguns com nomes muito curiosos. O mestre Onofre, o mestre Isidoro, o mestre José Augusto, o mestre Mamede e depois o maestro Nogueira Rego, de quem o Arthur gostava muito, e que tocava Clarinete.

Observar o maestro, no momento em que abria a mala do instrumento e começava a montar as peças uma a uma, era como aguardar o início de um espectáculo. Os que por ali estavam a observar, deliciavam-se com as primeiras notas que saiam do clarinete. Era um instrumento soberbo. Aquela, era a primeira vez que Arthur ouvia tocar aquele instrumento ao vivo. O som límpido do Clarinete, os graves doces, aveludados, depois a passagem para o registo médio com as notas mais claras e os agudos que se podiam ouvir por cima da Banda inteira, deixaram-no convencido de que queria aprender a tocar aquele instrumento.



segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Cubo de gelo


O Arthur e o Manel passaram a tarde na cozinha. De todas as divisões lá de casa, aquela era a única, onde podiam experimentar coisas novas à vontade, sem a preocupação de estragar alguma coisa. Foi ali naquele espaço excelente que fizeram o seu pequeno laboratório.

«Vamos imaginar que temos um cubo de gelo», disse o Arthur. «É sólido» continuou. «Vai buscar um, ali ao frigorífico», disse o Manel. Arthur foi e voltou com a cuvete de plástico carregada de cubos de gelo.

«Sabes que a professora de Português disse na última aula, que cuvete, é uma palavra de origem francesa, um galicismo, que a nossa é tina?», disse o Manel. «Mas, se quiseres adaptar ao nosso português, podes dizer cuveta, assim como bicyclette e bicicleta!» Arthur, olhou o amigo surpreendido. Sabia que o Manel era um barra a matemática, mas agora, que também se interessasse por línguas, isso era novidade.

«Comecemos a aquecer e o cubo de gelo» disse o Arthur. «Já está a transformar-se em líquido» notou o Manel, e acrescentou «Se continuares a aquecer, vai transformar-se em gás. Em vapor de água». «O que está a acontecer é que, os átomos e as moléculas de água, estão a começar a colidir umas nas outras. E se a violência dessas colisões for suficientemente forte, se a agitação térmica dessas moléculas aumentar, o gelo derrete-se todo, e a água passa do estado sólido para o líquido e depois para o gasoso» comentou Arthur, que se deliciava por dar explicações científicas.

«E se aquecermos mais ainda, muito mais, os electrões começam a saltar das moléculas e começamos a ter um plasma!» disse o Arthur. «Ah é?», perguntou o Manel. «Sim. É como aquela tecnologia dos televisores». «A sério?» «Sim, mas é claro que nos televisores, são apenas uns pontinhos pequenos que são aquecidos, de tal modo que a matéria já não está em nenhum dos três estados comuns, mas num quarto, o plasma» completou o Arthur.

E ali ficaram os dois amigos, a imaginar um modo de transformar o velho televisor - que o pai há muito tempo arrumara na garagem -, num moderno aparelho de tecnologia plasma.



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Texto de apoio


domingo, 6 de setembro de 2009

Matrioshka e as torres de Hanoi


«Estar sozinho, sentado, simplesmente a observar as pessoas, tornou-se o meu passatempo favorito. Olho para os outros, os que andam pela rua ou conversam com os amigos, cada um visto pelos outros, não como é, mas como parece ser. São importantes os olhos dos que observam.» - entretia-se Arthur a pensar.

«Faz-me lembrar aquelas bonecas russas, as matrioshkas, o mesmo boneco reproduzido mais pequeno, cada vez mais pequenino, por aí adiante, quantas vezes quisermos até quase desaparecer. É como se cada um de nós, na verdade, fosse vários metidos uns nos outros. O Boneco de fora, é o que é visto pelos outros, depois cada um dos bonequinhos-cópia, cada vez mais pequenos, - que somos nós, nos diferentes papéis, e que espelham o que somos.» - pensou o Arthur.

Ele também se considerava uma espécie de matrioshka, ou melhor um matrioshko, pois sentia-se como se existissem dentro de si, vários Outros-cópia-de-Arthur. Aluno na escola, aprendiz de música, aprendiz de clarinete, filho, amigo, irmão, e por aí adiante num rol que parecia não acabar. Só ainda não sabia, qual a ordem dos bonequinhos.

«Mas as pessoas são como as bonequinhas russas. São um fractal. Um fractal! Quando ouvi pela primeira vez esta palavra, num museu interactivo de ciência, sabia que estava associada à matemática, mas não fazia ideia o que significava. Para mim, um fractal podia ser qualquer coisa. Um desenho, ou uma construção, ou até mesmo, um amontoado de peças aparentemente desconexas. Qualquer coisa poderia ser um fractal.»

O senhor que trabalhava como monitor do museu é que não deixou que ele despercebesse a ciência básica do fractal, não. Neste modelo de museu, não. Aqui podia mexer-se livremente nas peças expostas. Arthur e a família foram estimulados a resolver o problema da Torre de Hanoi - que era um fractal. Qual seria o número passos mínimos para conseguir passar todas os discos para a estaca do lado, cumprindo as regras? Depois de algumas tentativas e de paciência, o simpático monitor do Pavilhão do Conhecimento disse:

2n-1, é a resposta!
Isto é, 2 x 2 x 2... (n vezes),
e ao resultado, subtraímos 1.
O n é o número de discos da torre.

Agora era muito mais fácil, talvez pudesse aplicar esta fórmula, para resolver o problema de ordenar os pequenos Cópia-de-Arthur dentro de si.



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Fractal

Torre de Hanoi


sábado, 5 de setembro de 2009

Máquinas simples


Hoje é dia de trabalho na horta. A família costumava reservar alguns fins-de-semana para tratar da casa de campo (do avô) e da horta. Assim, de manhã cedo, todos participavam em preparar as malas, os cestos, as caixas da fruta, as sacas de serapilheira, e alguma roupa mais velha para o trabalho agrícola. Tudo o que precisariam para um fim-de-semana na aldeia.

Na arrecadação da casa do avô, existiam alguns instrumentos de lavoura de uso manual, antigos, como se o tempo tivesse parado no final do século XIX ou no início do século XX. Os professores de ciências costumam chamar-lhes, máquinas simples, mas para Arthur, essa era uma ideia muito estranha. Para ele, uma máquina era uma coisa complexa, movida a electricidade ou a gasóleo, não objectos movidos pelas próprias pessoas. No entanto, lá na escola, na disciplina de Física e Química, estudara as máquinas simples, como eles chamavam, e percebera como elas realmente multiplicavam a força do Homem e como estavam presentes em qualquer outra máquina que pudéssemos imaginar.

Na arrecadação do avô, existiam realmente muitas dessas máquinas simples. O plano inclinado, a roda e a alavanca. Tudo eram máquinas, e serviam para facilitar o trabalho de cuidar da terra. Para onde quer que olhasse, conseguiria ver um ou mais, desses aparelhos, às vezes até mesmo combinações deles. No carro-de-mão, que mais não era do que uma alavanca e uma roda; as Roldanas no poço, para puxar a água para fora, que eram uma aplicação da roda; o parafuso de Arquimedes, que o pai tinha construído apenas por brincadeira, para lhe mostrar como se podia elevar a água; a 'cegonha' ou picota, uma alavanca, assim como as enxadas e ancinhos, que não eram mais do que simples 'alavancas interpotentes', como ilustrava o livro de ciências.

"A imaginação e o engenho do homem, são realmente fantásticos!", pensou o Arthur, e, assim era realmente. Muitas gerações de homens criativos haviam deixado todos aqueles instrumentos velhos, mas magníficos, que o avô guardara na casa da arrecadação.



Referências

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Texto


sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A horta doméstica


O avô, homem do campo, rijo, seco, cultivava uma pequena horta anexa à casa. Após a morte do avô, o pai cuidou daquela parcela de terreno. Chamava-lhe «a horta da família». ‘Chegar-se mais à terra’, ocupar-se na horta, dava ao pai do Arthur uma agradável mudança no ritmo do seu dia-a-dia e ajudava a equilibrar a economia. Agora, era a vez do Arthur aprender a arte.

Tudo era feito de modo artesanal, como sempre se fez, geração após geração. O instrumento principal, a enxada, mas também o ancinho, a pá, o carrinho de mão, o regador e o pulverizador, eram fabricados pelo ferreiro. Mas, Arthur não gostava da aldeia. Naquele tempo, não havia luz, televisão, telefone e, muito menos internet, - nem amigos como o Manel, para as brincadeiras de rapaz - assim como não havia muitas outras coisas que existiam na cidade onde morava.

Na horta do pai, cultivava-se um pouco de tudo, cereais, frutos e hortaliças. A horta enchia a mesa da família com alimentos frescos, saudáveis e económicos. Assim, ao longo do ano colhiam rabanetes, cenouras, nabos, nabiças, batatas, cebolas, frutos, como a abóbora e o tomate (embora quase todos pensassem que este fosse um legume), bem como beringelas, couves, brócolos, repolhos, alfaces e, leguminosas como a ervilha.

A Ciência devia muito à ervilha, Arthur sabia isso. Aprendera na escola que um cientista austríaco, que gostava de Ciências Naturais, em especial de Botânica, um monge chamado Gregor Mendel, fizera experiências com a ervilheira. Ele queria perceber como as características da planta, variavam com os cruzamentos, o que o levou a entender as leis da hereditariedade. E, entender isso, ajudou a Humanidade a perceber como algumas doenças eram transmitidas. A ervilha passou a ser uma planta especial para o Arthur.

Pouco a pouco, aprendeu a apreciar os dias que passava na horta a trabalhar a terra, sentir-lhe o cheiro, a preparar os pequenos canteiros, a regar, até mesmo, simplesmente ver crescer as sementes, as pequenas plantinhas e mais tarde apanhar os seus frutos. A aldeia, não era confortável, mas, ensinou o Arthur a ser responsável, a ver a necessidade de cuidar das coisas ao seu encargo, a compreeder como estava envolvido muito trabalho, para colocar o alimento na mesa.



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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O misterioso Sr. Penaguião


Era um homem simpático. Alto, magro, usava uma gabardine comprida e lenço ao pescoço durante o tempo chuvoso e fato completo na estação quente. Assemelhava-se a um verdadeiro espião, como aqueles que vemos nos filmes. Tinha a dignidade de um nobre da antiguidade. Muito educado, cumprimentava a todos os que, por acaso, com ele se cruzassem no prédio. Conduzia um Citroën 'Boca-de-Sapo'. Chamava-se Penaguião.

Arthur simpatizava com o senhor Penaguião. É verdade que se tratava de um homem um pouco estranho, que raramente saia de casa e, quando saia, desaparecia rapidamente no seu Citroën aerodinâmico, mas, era um homem sorridente. As pessoas sorridentes, as que têm um sorriso franco, genuíno, sempre lhe agradaram.   

Um dia Arthur sujou-se ao tentar arranjar a corrente da bicicleta, sabia que a mãe não iria gostar se ele aparecesse em casa naquele estado. Mas logo o misterioso senhor, que morava no primeiro esquerdo do prédio do Arthur, se ofereceu para o ajudar. Na parte de trás da casa, existia uma escada com uma pequena varanda e uma porta que dava para a cozinha da casa. Arthur entrou. O senhor Penaguião levou-o ao lavatório e indicou-lhe o detergente, depois o sabão e finalmente o sabonete com cheiro a flores silvestres. Estava finalmente limpo.

O homem, solícito, salvara-o de um castigo certo. O vizinho contou-lhe um pouco da sua história e, Arthur ficou a saber quem era o misterioso senhor Penaguião.



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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Banda «Filarmónica»


Os pais gostavam muito de música. Um vizinho, numa outra cidade onde moraram em tempos, tocava vários instrumentos, piano, acórdeão, violino, clarinete, flauta, harmónica, formava uma verdadeira orquestra-de-um-só-homem. Na primeira oportunidade compraram-lhe um instrumento. Bem, na verdade, fora o Arthur quem escolhera comprar um instrumento. A coisa foi mais ou menos assim.

Certo dia, os pais do Arthur queriam oferecer-lhe um presente. - Os pais gostavam deste tipo de surpresas, não precisavam de um motivo, simplesmente ofereciam. E, estes presentes, eram muito mais agradáveis do que quando Arthur estava à espera de receber alguma coisa, em alguma ocasião especial. - Assim, os pais levaram-no ao centro da cidade e procuraram em todas as lojas de brinquedos o presente que ele gostaria de receber. Procuraram muito bem. Miniaturas de vários carros, carros de todos os tipos, dos bombeiros, da polícia, de corridas, das obras, gruas pintadas de amarelo, jogos de vários tamanhos, para um ou mais jogadores, bonecos eléctricos, robots, tudo... Mas, quando o Arthur deu com os olhos num magnífico instrumento de metal, de lâminas pintadas com as cores do arco-íris, então, soube que era aquele, o presente que gostaria que os pais lhe comprassem. E assim foi, compraram-lhe um metalofone, ou melhor, um jogo de sinos, um Glockenspiel, como se dizia na Alemanha, ou como os músicos profissionais chamavam.

Mal chegara a casa, Arthur desembrulhou logo o instrumento, e começou a tocar. Tocou durante dias a fio, semanas. Os pais já não podiam com aquilo. De manhã à noite, sempre as mesmas notas, os mesmos sons, a mesma lengalenga. Foi então, que decidiram inscrevê-lo na música, isto é, inscreverem-no para as aulas de música na Banda Filarmónica. Arthur iria aprender na Banda da cidade, uma vez que os pais não podiam pagar aulas particulares de instrumento.

Estava entusiasmadíssimo com a ideia de aprender música. Como seria a primeira aula? Imaginava-se a tocar com a Banda. Subiria para o coreto, como os outros músicos? Mas, como poderia acompanhar os outros instrumentistas, se ele nem tinha ainda escolhido o instrumento! Aliás, nem sabia se seria ele a escolher o instrumento que viria a tocar, ou se, seria o maestro a fazê-lo? Com tantas dúvidas, tanto entusiasmo, a cabeça do Arthur fervilhava...

Mais tarde, veio a saber que precisaria de aprender a ler as pautas musicais, precisaria de aprender O Solfejo. Agora a música seria outra.



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terça-feira, 1 de setembro de 2009

O tolo acredita em tudo


Como é que é mãe? Cospiu para o ar e caiu-lhe em cima? - Arthur apenas ouvira parte da conversa entre os pais e os tios. - Todos se riram com a sua espontaneidade. Talvez por natureza, Arthur era a distracção em pessoa, andava sempre na lua. Os pais desculpavam-lhe essa sua característica, mas infelizmente, aproveitavam as ocasiões em que estavam em família para 'brincarem' com ele, e às vezes, para gozarem um pouco. Humilhação. 

Encontrara um pequeno papel mal tratado, esburacado, com um fragmento de um texto, assim: 

«O discernimento habilita-nos a descartar informações irrelevantes ou enganosas. Avalie o que lê ou assiste para ver se é confiável. A opinião popular nem sempre é confiável.» 

Arthur ficou ali a cismar. Aquilo era uma revelação. - Quer dizer que nem tudo o que nos dizem, ou lemos, é verdadeiro. Como é que posso saber a verdade sobre as coisas?

Decidira ali mesmo, passar a coleccionar informações sobre os assuntos que lhe interessavam. Ajuntou algumas caixas de sapatos, identificou-as por temas, e passou a guardar os recortes dos jornais, das revistas e até mesmo de citações, frases e provérbios que ouvira e passara para o papel, para que tivesse essa informação sempre disponível e pudesse comparar o que as pessoas diziam sobre essas coisas.



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Único... verso

“Como começou o universo?”, perguntou o Arthur ao primo. O primo sabia que o Arthur gostava de fazer todo o tipo de perguntas, mas não esta...