
Os pais gostavam muito de música. Um vizinho, numa outra cidade onde moraram em tempos, tocava vários instrumentos, piano, acórdeão, violino, clarinete, flauta, harmónica, formava uma verdadeira orquestra-de-um-só-homem. Na primeira oportunidade compraram-lhe um instrumento. Bem, na verdade, fora o Arthur quem escolhera comprar um instrumento. A coisa foi mais ou menos assim.
Certo dia, os pais do Arthur queriam oferecer-lhe um presente. - Os pais gostavam deste tipo de surpresas, não precisavam de um motivo, simplesmente ofereciam. E, estes presentes, eram muito mais agradáveis do que quando Arthur estava à espera de receber alguma coisa, em alguma ocasião especial. - Assim, os pais levaram-no ao centro da cidade e procuraram em todas as lojas de brinquedos o presente que ele gostaria de receber. Procuraram muito bem. Miniaturas de vários carros, carros de todos os tipos, dos bombeiros, da polícia, de corridas, das obras, gruas pintadas de amarelo, jogos de vários tamanhos, para um ou mais jogadores, bonecos eléctricos, robots, tudo... Mas, quando o Arthur deu com os olhos num magnífico instrumento de metal, de lâminas pintadas com as cores do arco-íris, então, soube que era aquele, o presente que gostaria que os pais lhe comprassem. E assim foi, compraram-lhe um metalofone, ou melhor, um jogo de sinos, um Glockenspiel, como se dizia na Alemanha, ou como os músicos profissionais chamavam.
Mal chegara a casa, Arthur desembrulhou logo o instrumento, e começou a tocar. Tocou durante dias a fio, semanas. Os pais já não podiam com aquilo. De manhã à noite, sempre as mesmas notas, os mesmos sons, a mesma lengalenga. Foi então, que decidiram inscrevê-lo na música, isto é, inscreverem-no para as aulas de música na Banda Filarmónica. Arthur iria aprender na Banda da cidade, uma vez que os pais não podiam pagar aulas particulares de instrumento.
Estava entusiasmadíssimo com a ideia de aprender música. Como seria a primeira aula? Imaginava-se a tocar com a Banda. Subiria para o coreto, como os outros músicos? Mas, como poderia acompanhar os outros instrumentistas, se ele nem tinha ainda escolhido o instrumento! Aliás, nem sabia se seria ele a escolher o instrumento que viria a tocar, ou se, seria o maestro a fazê-lo? Com tantas dúvidas, tanto entusiasmo, a cabeça do Arthur fervilhava...
Mais tarde, veio a saber que precisaria de aprender a ler as pautas musicais, precisaria de aprender O Solfejo. Agora a música seria outra.
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