As aulas de música prosseguiam. Arthur aprendera o solfejo, o que para muitos aprendizes de música é a parte mais dura das aulas de iniciação. A pauta gravada a branco no quadro negro, onde o professor desenhava as notas; a clave, que na verdade é a chave para se saber o nome da nota que está na sua linha; e por fim, a ordem das notas, dó, ré, mi, fá, sol, lá e si. Nesta altura, aprendia-se com a ajuda de um professor, a quem os alunos chamavam mestre. Havia alguns com nomes muito curiosos. O mestre Onofre, o mestre Isidoro, o mestre José Augusto, o mestre Mamede e depois o maestro Nogueira Rego, de quem o Arthur gostava muito, e que tocava Clarinete.
Observar o maestro, no momento em que abria a mala do instrumento e começava a montar as peças uma a uma, era como aguardar o início de um espectáculo. Os que por ali estavam a observar, deliciavam-se com as primeiras notas que saiam do clarinete. Era um instrumento soberbo. Aquela, era a primeira vez que Arthur ouvia tocar aquele instrumento ao vivo. O som límpido do Clarinete, os graves doces, aveludados, depois a passagem para o registo médio com as notas mais claras e os agudos que se podiam ouvir por cima da Banda inteira, deixaram-no convencido de que queria aprender a tocar aquele instrumento.
1 comentário:
Que bom que voltou a onda (não de inspiração e criatividade, porque, disso sem dúvida que não te falta), mas uma outra onda... carregada de Tempo.
Obrigada pelas leituras que proporcionas.
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