quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Jangada de Plástico III


(Continuação)


- "Vá, diz lá pai!" - insistiu a Catarina.
- "O que é que estiveste a construir? - perguntou o Arthur. O pai fingiu ceder às perguntas insistentes dos filhos e disse-lhes: - "Vocês agora precisam de um meio para responder à mensagem da garrafa. Têm de construir uma jangada e enviá-la pelo mar adentro. Arthur e a irmã não perceberam. - "Queres que 'a gente' ponha isto no mar?" - perguntou Arthur com ar desconfiado. - "No mar, não! Quero que vocês se divirtam com a ideia de lançar a jangada na lagoa e deixarem-na ir com a corrente. Depois, uma pessoa qualquer, que não conhecem, talvez passe por acaso à beira da água, a apanhe, e talvez leia a vossa mensagem." - "Mas, não íamos responder ao homem perdido no mar?" - perguntou a Catarina, meio triste. - "Sim,  tens razão filha, mas, talvez o homem perdido veja a vossa jangada!" 

Chegados à praia, era o ritual de sempre. Voltavam a tirar os sacos com a trouxa, e toda a parafernália do costume. Iriam montar novamente o 'acampamento', mas antes tinham de percorrer o areal até ao sítio da praia que o pai gostava. O pai gostava de estar no meio da multidão, a mãe gostava de estar mais afastado dos outros veraneantes. Escolhiam a Aberta, o canal onde o mar comunicava com a lagoa. Ali tinham tudo. O melhor da praia, do mar e da lagoa. O pai, podia tomar banho no mar. A mãe, tinha o seu lugar sossegado. Os filhos, tinham a lagoa para brincar e tomar banho e, especialmente hoje, para lançar a jangada. 

Os velhos materiais que o pai tinha encontrado na praia, serviam às mil maravilhas para a jangada improvisada. Duas garrafas de plástico, daquelas de 1 1/2 L, serviam de casco. Várias canas atravessadas entre as garrafas, presas com os cordões retorcidos e uns restos de rede de pesca, serviam para o convés. Uma prancha de plástico, resto de um bidon, servia para a quilha. Finalmente, uma velha armadilha para a apanha do carangueijo, servia na perfeição como vela. O pai tinha muito jeito para construir brinquedos com materiais aproveitados. Dizia sempre que, quando era pequeno tinha de fazer os seus próprios brinquedos. Depois falava dos barquinhos feitos de casca de pinheiro, das velas que fazia com as folhas dobradas das canas, as bolas de futebol feitas com trapos velhos, dos carrinhos de rolamentos... Uma longa e divertida estória que os filhos escutavam deliciados.

Arthur e a Catarina ficaram ali a observar de longe. Como era bonito ver a jangada de plástico seguir a corrente. Catarina, perguntou: - "Mano, porque é que os barcos flutuam e os papagaios voam? - Arthur, gostou da pergunta, sorriu e disse: - "Lembras-te da Enciclopédia que o primo nos ofereceu? - "Sim." - disse a irmã. Arthur respondeu: - "Depois eu mostro-te porquê, agora, anda ver uma coisa!


Afinal,  

... porque é que a jangada flutua?

... e os papagaios voam?

Fotografia



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Único... verso

“Como começou o universo?”, perguntou o Arthur ao primo. O primo sabia que o Arthur gostava de fazer todo o tipo de perguntas, mas não esta...