
Maria chamou o pai.
- "Ele fez-me doer..."
- A mãe corrigiu. "Ele, não!... O Pai!"
Mas, era muito difícil perceber aquela repreensão. Afinal, ele era como ela. Não a havia também ele tratado com desrespeito em frente de todos, à mesa daquele restaurante? É claro que Maria comia de um modo muito seu, tão-pouco via algum problema em apanhar a comida que tinha caído ao chão e... voltar a metê-la na boca! Mas isso, não era nada de especial. Pelo menos para ela. Para ele, talvez...
Os anos passaram. Maria crescia. O pai não.
Maria fazia o que queria. 'Ele', o pai, não.
Numa tentativa incessante de se fazer parecer singular, Maria tinha o cabelo incessantemente pintado. Não era como aquelas cores que toda a gente tinha. Não. Um dia roxo, depois, azul, a seguir, verde, amarelo, por fim, vermelho. Experimentou o espectro completo da luz visível. Tingir o cabelo, era vital. Como poderia ter um aspecto normal e ser singular, única na sua espécie?
Nenhum de nós diria que Maria tinha falta de opinião, não!
Mas um dia, Maria não pintou o cabelo. Apareceu no trabalho, igual a muitas outras Marias. Quando lhe perguntaram porquê, simplesmente disse:
- "O meu cão não gostava da cor!"
Referências
Imagem, fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Arco-íris
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